sexta-feira, 24 de julho de 2015

009. Noturno



Noturno
Guillermo del Toro & Chuck Hogan

Estive procurando livros de terror e me deparei com algumas pessoas comentando que Noturno é assustador, que não conseguiam dormir durante a noite e tudo o mais. Nem li a sinopse, já peguei ele na biblioteca. E eis que me dei conta que o livro falava de vampiros.

Quem me conhece sabe que eu tenho um certo preconceito com vampiros, acho bobo, com todo respeito. Esse preconceito deve vir desses autores que resolveram colocar vampiros para amar. Mas gente, nem nós, seres humanos, sabemos ao certo o que amor, vampiros vão saber? 
Enfim, tenho de admitir que broxei um pouco ao saber que era de vampiros, mas ao mesmo tempo encarei como uma ótima oportunidade de perder o preconceito. E agora que está lido, posso dizer que o preconceito diminuiu e que criei uma simpatia por vampiros, rs. Obrigada, Guillhermo e Chuck!

- NARRATIVA: descritiva, descritiva, descritiva. Os autores descrevem tudo umas vinte vezes. O início do livro é marcado por uma narrativa tão descritiva, com tantos personagens, com tantos pontos de vista para o mesmo acontecimento, que acaba tornando a leitura meio pesada. Cheguei na página 120 e nada tinha acontecido, nada! Então é isso, os caras investiram na narrativa descritiva, mas a história do livro pode facilmente ser contada em cinco páginas.
Mas, bom, por outro lado, essas descrições me deixou feliz, são coerentes. Os caras pesquisaram para escrever cada palavra que escreveram. Que autor escreve o verbo auscutar em seu livro, minha gente? Simplismente não é aquela encheção de linguiça vulgo Stieg Larsson. O eclipse é bem descrito, as autópsias que Bennett faz são geniais, com descrições anatômicas sensacionais, e até os próprios ataques dos vampiros são descritos de uma forma que me deixou extasiada.

- TRAMA: como já comentei, a história é pequena, mas bem contada. 
O início me remeteu ao Piloto do Fringe, com aquele avião apagado, equipes de controle de doenças, terrorismo e tudo mais do lado de fora interessados em ver o que aconteceu. Com pesquisas Eph, Setrakian e Nora descobrem que é um vírus e está associado aos vampiros. A infestação acontece exponencialmente e eles acham que destruir o Mestre vai fazer amenizar a infestação. Fim.

- ORIGINALIDADE: os autores pegaram alguns clichês de vampiros, como queimar no sol, não aparecerem nitidamente na frente do espelho, serem destruídos por prata. Mas o ponto de maior originalidade é o fator anatômico dos vampiros, que não tem os dentes caninos grandes, vão lá, mordem e sugam a vítima, mas sim, tem um ferrão debaixo da língua que pica o pescoço e suga o pescoço da vítima.

Originalidade quando se trata do sangue branco com os vermes se mexendo. O que achei original também, foi em uma parte em que os autores colocaram a narrativa visando o lado do vampiro, acho que era Ansel, e ele escutava o coração da família. Muito legal isso.
Não achei original o fato do avião morrer depois que pousou, pois me remeteu a Fringe e também porque, no final das contas, não sei por que o avião morreu. Ninguém sabe o que aconteceu ao certo para a estrutura toda ter dado o pane que deu e eu não creio que o Mestre tinha poder para isso.

- PERSONAGENS: no meu ponto de vista são as pequenas estrelas do livro. São muitos personagens que os autores vão apresentando no início, mas que cada um vai tendo uma característica que eu fui lembrando até o final. Sem dúvidas, os mais trabalhados são Setrakian, Mestre e Eph, que sabemos mais o histórico deles. Mas o resto, que é apenas coadjuvantes, foram os que mais me cativaram: Anne-Marie, Ansel, Bennett, Zach, Kelly, Vaz...
O que me incomodou foi que os autores colocaram tantos personagens coadjuvantes e alguns se perderam na história do livro e nunca mais foram comentados. Caras, pelo amor de Jesus, como Bennett morreu? O homem era fodão e simplismente sumiu! O que aconteceu no fim com Palmer? Tem muitas e muitas pontas soltas nisso..

- CLIMAX: o livro é de terror e não tive medo em nenhum instante, apenas agonia, mas está valendo. O ápice do livro, no meu ver, não ocorreu, mas no meio do livro tem tantas histórias de como cada personagem vai sendo infectado (ou não), que acabou sendo as melhores partes do livro. Sendo assim, tive várias partes preferidas: as autópsias de Bennett, Zach vendo o vampiro pela janela na sua rua durante a madrugada, todas as cenas com Anne-Marie e Ansel são demais, principalmente quando ele se amarra como um cachorro no quintal para evitar contaminar sua família, o suicidio de Anne, Vaz percebendo o comportamento dos ratos na cidade, Setrakian diante do buraco que matavam os judeus. Nossa... tão tantas partes! E claro, Kelly infectada. Putamerda!!!

- DESFECHO: os últimos capítulos eu achei exaustivos, bem chatos e sem propósito. Uma busca incessante nos túneis do metro para encontrar o Mestre e ele foge. Vai para a casa de Bolivar, encontra ele, acontece uma batalha muito mal descrita, confusa e no fim o Mestre foge correndo no sol (?????) Nem Jesus entendeu essa! O que contra balanceou esse final terrível foi o aparecimento da Kelly em casa.

- DESIGN: gosto da capa, da distribuição dos capítulos, letra, textura das folhas.

- UMA FRASE: ''Não sou o monstro aqui. É Deus. O seu Deus e o meu, o Pai ausente que nos abandonou há muito tempo''.

- OUTROS COMENTÁRIOS: apesar do início ser extremamente desgastante, o final confuso, muitas pontas soltas de personagens que eu gostava, é uma boa leitura pelo que tem no meio do livro, mais especificamente quando os civis são infectados. Poderiam facilmente fazer um filme de terror com as passagens de infestações.
E claro, novamente agradeço aos autores por me fazer perder um pouco do preconceito com vampiros. Agora já tenho até outras leituras vampirescas marcadas para o futuro, rs.

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