sábado, 4 de julho de 2015

004. A Hora da Estrela


A Hora da Estrela
Clarice Lispector

Primeiríssimo livro da Clarice. Não sei o que esperava dela, mas acho que fiquei satisfeita.. separei diversas frases para jogar na internet. Brincadeira. Mas de fato, são bastantes frases que me chocaram e me deram uma reflexão.
Bom, terminei o livro há alguns minutos, esquentei meu quentão e cara, eu me sinto extremamente vazia com tudo. Primeira vez que sinto isso, já fiquei revoltada, feliz, arrepiada. Mas vazia é inédito.

-NARRATIVA: Narrada por um pseudônimo de Clarice e em terceira pessoa. O início do livro é meio massante porque o narrador fica criando coragem de contar a história, tem receio que não gostem, ele faz diversas reflexões que não são tão fáceis de acompanhar e, por fim, ele já introduz os personagens. Neste inicío achei a leitura mais carregada, mas do meio para o fim do livro fica mais suave, com um vocabulário mais simples.

-TRAMA: Achei profunda. Trata de uma alagoana que perde os pais ainda quando criança e vai morar com a tia, que tinha receio da menina virar mulher de rua e deu uma educação bastante rígida e violenta. A tia morre e a garota vai para o Rio de Janeiro em busca de uma vida melhor. O problema é que ela é pura inocência, ela sempre acha que esta incomodando, vive em uma pobreza lastimável só comendo cachorro quente e tem dificuldade em realmente existir. Ela aceita fácil as artimanhas da vida, achando que ''se tem que ser assim, assim será''.
Por mais que eu nunca tenha lido o livro eu tive uma impressão de já ter lido. É horrível isso. Fiquei até pensando se em outra encarnação eu havia lido e tals, porque eu sabia o que ia acontecer de antemão. Mas sei lá, acho que foi reflexo de aulas do cursinho, é isso, rs.

-ORIGINALIDADE: Não é a primeira vez que leio ou ouço histórias de nordestinos com inocência, então não achei tãão original assim. O ponto que diferencia Clarice é que realmente a personagem que ela criou é exponencialmente mais ingênua do que os outros de outras histórias.

-PERSONAGENS: Se não me engano são seis no total. Macabéa é a protagonista, mas contracena com Glória, seu empregador, seu namorado, a tia e a cartomante. Macabéa é o centro de tudo e eu não sei ainda do que pensar dela, porque ao passo que ela não teve uma família estruturada, não teve alguem para direcioná-la, é aceitável que ela seja tão ingênua desse jeito. Mas ela é tão, mas tão ingênua que chega a ser engraçado. Tipo, meu Deus! Você vai engolir esse sapo mesmo? Nem uma bufada, uma virada de olhos você vai dar? E ela não dá.
Então é realmente difícil falar algo sobre essa protagonista, só não vou ficar declarando que ela é burra, como li em algumas resenhas. 
Agora, dos coadjuvantes, só sai maldade. Fiquei de cara com os foras que eles davam em Macabéa. Que povo mais maldoso. Parece que quanto mais a pessoa é inocente, mas o povo pega o rosto dela e esfrega no chão.

-CLIMAX: Muita gente diria que é depois do atropelamento, mas eu digo, com certeza que os ápices são quando os coadjuvantes dão tiradas nela. Eu juro que tinha vontade de jogar o livro do outro lado do quarto, mas isso é um tipo de climax para mim, ok? 
Vou colocar um exemplo aqui: Macabéa usou um batom vermelho para uma festa para si mesma. Aí vem Gloria: ''Você endoidou, criatura? Pintar-se como uma endemoniada? Me desculpe eu perguntar, ser feia dói?'' Aí Ela vai lá e me responde: ''Nunca pensei nisso, acho que dói um pouquinho''.
AAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHH.

-DESFECHO: Gostei. Ela morreu feliz, ou nasceu feliz. Depende da perspectiva, né. Para se ter uma vida assim, será que a morte é tão ruim?

-DESIGN: Muito meiga a ilustração da capa com Macabéa escutando rádio, cores bem leves. Bonito mesmo. 
Não gostei da ausência de capítulos. Tem que ter divisões, não é todo mundo que pega o livro e devora de uma vez, e marca-página, minha gente, já diz tudo: ele marca a página, não o parágrafo que você leu por último.

-UMA FRASE: ''Ela somente vive, inspirando e expirando, inspirando e expirando. O seu viver é ralo.''


-OUTROS COMENTÁRIOS: Ainda estou digerindo o livro, mas por ora a reflexão que está comigo é que até que ponto a gente só aceitar as coisas torna-se ruim. Eu sou o tipo de pessoa que aceito muita merda porque não tenho paciência nem energia para mudar ou insistir em dialogar. Mas realmente tenho de refletir se ser assim não faz eu perder muitas oportunidades. 

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